Perder e ganhar são situações
intrínsecas da arte de viver. É impossível ao longo de toda sua vida o homem
acumular somente louros da vitória ou vexames da derrota. O embate natural da
vida é repleto de momentos circunstanciais: ora com sabor de vitória e gozo,
ora com sabor de derrota e fracasso.
Na dinâmica da vida, somos
educados para vitória! Impulsionados para alcançarmos, o lugar mais alto do pódio,
o primeiro lugar. Imersos em uma cultura em que o desempenho, a vitória e o
ganho são sinais de competência, qualidade e preparo como lidarmos com a
derrota? Como é possível admitir a cultura do “perder” para “ganhar”? Pode haver
espaço para derrotados em uma sociedade que privilegia os fortes, inteligentes,
eficazes e vencedores? Em nossa sociedade qual é o lugar reservado para os que
não conseguiram dar respostas e subir ao pódio dos considerados “vitoriosos”
tais como: portadores de necessidades especiais, miseráveis, índios, cegos,
surdos, mudos e idosos.
Sem dúvidas este foi um
dos maiores conflito de Jesus em seu tempo, e talvez, por isso, percebamos no
Evangelho seu movimento preferencial de encontro com aqueles que mais perderam
na vida, os mais pobres dos pobres, como é o caso dos cegos, surdos, mudos,
coxos e doentes.
Neste movimento de resgate
e encontro Jesus devolveu a visão aos que não enxergavam a capacidade de ouvir
e falar aos que perderam a voz e a audição e aos coxos e doentes a restituiu a
saúde. Entre estes, considerados perdidos e marginalizados pela sociedade da
época, Jesus os resgata e devolveu-lhes a dignidade.
Quando encontrados, curados e
recuperados em dignidade receberam a mensagem de Jesus e o compromisso para que
resgatados, resgatassem o próximo, e assim, promovessem a construção do Reino
dos Céus.
Aqueles que se pensavam perdidos,
forma encontrados e aqueles que se pensavam encontrados perceberam-se perdidos.
Algumas vezes em nossas vidas é necessário deixar-nos sermos encontrados. Um
pouco de perda, derrota, esvaziamento e humilhação não fazem mal a ninguém, a final,
foi o próprio Jesus que nos ensinou: É perdendo que se ganha, é esvaziando que
se enche e é humilhando-se que se é elevado.
Não ganha quem ganha. Não
perde quem perde. Perde quem nunca perdeu, e ganha quem sabe o que um dia já
perdeu.
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