segunda-feira, junho 14

“Quem buscar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará.” (Mt 10,39)



Perder e ganhar são situações intrínsecas da arte de viver. É impossível ao longo de toda sua vida o homem acumular somente louros da vitória ou vexames da derrota. O embate natural da vida é repleto de momentos circunstanciais: ora com sabor de vitória e gozo, ora com sabor de derrota e fracasso. [1]
Na dinâmica da vida, somos educados para vitória! Impulsionados para alcançarmos, o lugar mais alto do pódio, o primeiro lugar. Imersos em uma cultura em que o desempenho, a vitória e o ganho são sinais de competência, qualidade e preparo como lidarmos com a derrota? Como é possível admitir a cultura do “perder” para “ganhar”? Pode haver espaço para derrotados em uma sociedade que privilegia os fortes, inteligentes, eficazes e vencedores? Em nossa sociedade qual é o lugar reservado para os que não conseguiram dar respostas e subir ao pódio dos considerados “vitoriosos” tais como: portadores de necessidades especiais, miseráveis, índios, cegos, surdos, mudos e idosos.
 Sem dúvidas este foi um dos maiores conflito de Jesus em seu tempo, e talvez, por isso, percebamos no Evangelho seu movimento preferencial de encontro com aqueles que mais perderam na vida, os mais pobres dos pobres, como é o caso dos cegos, surdos, mudos, coxos e doentes.
 Neste movimento de resgate e encontro Jesus devolveu a visão aos que não enxergavam a capacidade de ouvir e falar aos que perderam a voz e a audição e aos coxos e doentes a restituiu a saúde. Entre estes, considerados perdidos e marginalizados pela sociedade da época, Jesus os resgata e devolveu-lhes a dignidade.
            Quando encontrados, curados e recuperados em dignidade receberam a mensagem de Jesus e o compromisso para que resgatados, resgatassem o próximo, e assim, promovessem a construção do Reino dos Céus.
           Aqueles que se pensavam perdidos, forma encontrados e aqueles que se pensavam encontrados perceberam-se perdidos. Algumas vezes em nossas vidas é necessário deixar-nos sermos encontrados. Um pouco de perda, derrota, esvaziamento e humilhação não fazem mal a ninguém, a final, foi o próprio Jesus que nos ensinou: É perdendo que se ganha, é esvaziando que se enche e é humilhando-se que se é elevado.
            Não ganha quem ganha. Não perde quem perde. Perde quem nunca perdeu, e ganha quem sabe o que um dia já perdeu.

Vilmar Dal-Bó Maccari

[1] . Referente a Palavra de Vida publicada em 1999, por Chiara Lubich.

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